Teorema de Rolle

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Em matemática, nomeadamente em análise, o teorema de Rolle afirma que dada uma função contínua f {\displaystyle f} definida em um intervalo fechado [ a , b ] {\displaystyle [a,b]} e diferenciável em ( a , b ) , {\displaystyle (a,b),} se f ( a ) = f ( b ) {\displaystyle f(a)=f(b)} então existe algum ponto c {\displaystyle c} em ( a , b ) {\displaystyle (a,b)} onde a tangente ao gráfico de f {\displaystyle f} é horizontal, isto é,[1][2]

f ( c ) = 0. {\displaystyle f'(c)=0.}

Colocando em linguagem comum, o teorema afirma que, em qualquer função contínua de intervalo delimitado por pontos A {\displaystyle A} e B {\displaystyle B} de mesma altura, ou mesma coordenada vertical, há algum ponto C em que a derivada da função, isto é, sua taxa de variação instantânea é nula.[3]

É denominado em memória de Michel Rolle.

Intuição

Ilustração do Teorema de Rolle

O enunciado do teorema é intuitivo considerando a exigência de continuidade da própria derivada (se existente) de uma função f ( x ) {\displaystyle f(x)} : se a {\displaystyle a} e b {\displaystyle b} são as coordenadas horizontais de pontos A {\displaystyle A} e B {\displaystyle B} de mesma altura, extremos de um intervalo, então a função f ( x ) {\displaystyle f(x)} cresce, decresce ou permanece constante para x > a {\displaystyle x>a} , nas vizinhanças de A {\displaystyle A} . Se a função é constante, o resultado é trivial: sua derivada é nula em todo o intervalo. Se cresce, sabe-se que eventualmente tem de decrescer para retornar à mesma coordenada vertical do ponto A {\displaystyle A} para chegar ao ponto B {\displaystyle B} . Por f ( x ) {\displaystyle f(x)} ser contínua e diferenciável nesse intervalo, sua derivada também o é, e como a derivada f ( x ) {\displaystyle f'(x)} começa positiva nas vizinhanças de A {\displaystyle A} e, conforme o valor de x {\displaystyle x} aumenta, torna-se negativa antes de chegar ao ponto B {\displaystyle B} , é necessário que exista um ponto tal que f ( x ) = 0 {\displaystyle f'(x)=0} . O mesmo raciocínio é aplicável a uma função de derivada inicialmente negativa e posteriormente positiva.

Demonstração

Como f {\displaystyle f} é contínua, então, pelo teorema de Weierstrass, admite no intervalo [ a , b ] {\displaystyle [a,b]} um máximo M {\displaystyle M} e um mínimo m . {\displaystyle m.}

Primeiro, suponha que M = m {\displaystyle M=m} . Então f {\displaystyle f} é constante no intervalo considerado e, consequentemente, a derivada é 0 {\displaystyle 0} em todos os pontos. Portanto, o teorema é verdadeiro neste caso.

Suponha agora que M m {\displaystyle M\neq m} . Então a função assume no interior do intervalo [ a , b ] {\displaystyle [a,b]} um máximo, um mínimo ou até os dois. Admita-se, sem perda de generalidade, que f {\displaystyle f} assume o valor máximo M {\displaystyle M} no ponto c {\displaystyle c} tal que a < c < b . {\displaystyle a<c<b.}

Então, para valores de x < c {\displaystyle x<c} , temos x c < 0 {\displaystyle x-c<0} e também f ( x ) f ( c ) 0 {\displaystyle f(x)-f(c)\leq 0} . Portanto,

f ( x ) f ( c ) x c 0. {\displaystyle {\frac {f(x)-f(c)}{x-c}}\geq 0.}

Como f {\displaystyle f} é diferenciável no intervalo ( a , b ) {\displaystyle (a,b)} , segue que

lim x c f ( x ) f ( c ) x c = f ( c ) 0. {\displaystyle \lim _{x\to c^{-}}{\frac {f(x)-f(c)}{x-c}}=f'(c)\geq 0.}

Para valores de c {\displaystyle c} à direita de x , {\displaystyle x,} temos x c > 0 {\displaystyle x-c>0} e f ( x ) f ( c ) 0 {\displaystyle f(x)-f(c)\leq 0} . Portanto,

f ( x ) f ( c ) x c 0 , {\displaystyle {\frac {f(x)-f(c)}{x-c}}\leq 0,}

e, também,

lim x c + f ( x ) f ( c ) x c = f ( c ) 0. {\displaystyle \lim _{x\to c^{+}}{\frac {f(x)-f(c)}{x-c}}=f'(c)\leq 0.}

Mas então conclui-se que

f ( c ) 0 {\displaystyle f'(c)\geq 0} e f ( c ) 0 , {\displaystyle f'(c)\leq 0,}

o que só é possível se

f ( c ) = 0 , {\displaystyle f'(c)=0,}

provando-se assim o teorema.

A demonstração seria análoga se em vez de um ponto de máximo admitíssemos a existência de um ponto de mínimo no intervalo.[4]

Corolários

  1. Resulta do teorema de Rolle que, se I {\displaystyle I} for um intervalo de R e se f {\displaystyle f} for uma função derivável de I {\displaystyle I} em R, então entre quaisquer dois zeros de f {\displaystyle f} há pelo menos um zero da derivada. Isto pode ser usado para provar por indução que qualquer polinómio p ( x ) {\displaystyle p(x)} de grau n {\displaystyle n} com coeficientes reais tem, no máximo, n {\displaystyle n} raízes (excepto, naturalmente, no caso do polinómio nulo).
  2. Se I {\displaystyle I} for um intervalo de R e se f {\displaystyle f} for uma função derivável de I {\displaystyle I} em R, entre dois zeros consecutivos da derivada não pode haver mais do que um zero de f {\displaystyle f} (podendo não existir nenhum).[5]

Referências

  1. «Cálculo 1 - Cap.XVI. Teorema de Rolle e Teorema do Valor Médio (TVM)». UFF 
  2. Santos, André Gustavo de A. «Teorema de Rolle e aplicações». SCRIBD 
  3. Friedli, Sacha. «O Teorema de Rolle». e-scola 
  4. Maria Augusta Ferreira Neves, Matemática 12º. Livro de texto. Porto Editora, Porto, 1986, pp. 210-211
  5. Maria Augusta Ferreira Neves, Matemática 12º. Livro de texto. Porto Editora, Porto, 1986, pp. 212-213
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