Prova de que e é irracional

Prova matemática de que o número de euler (e) é irracional
Parte de uma série de artigos sobre a
constante matemática e
Propriedades
Aplicações
  • Juro composto
  • Identidade de Euler
  • Fórmula de Euler
  • meias-vidas
    • crescimento e decaimento exponencial
Definir e
Pessoas
  • John Napier
  • Leonhard Euler
  • v
  • d
  • e

O número e foi introduzido por Jacob Bernoulli em 1683. Após mais de um século, Euler, que fora um estudante de Johann, irmão mais novo de Jacob Johann, provou que e é irracional; isto significa que não pode ser expresso como uma razão de dois inteiros.

Prova de Euler

Euler escreveu sua primeira prova do fato de que e é irracional em 1737 (mas o texto foi publicado apenas sete anos depois).[1][2][3] Ele computou a representação de e como uma fração contínua simples, que é

e = [ 2 ; 1 , 2 , 1 , 1 , 4 , 1 , 1 , 6 , 1 , 1 , 8 , 1 , 1 , , 2 n , 1 , 1 , ] . {\displaystyle e=[2;1,2,1,1,4,1,1,6,1,1,8,1,1,\ldots ,2n,1,1,\ldots ].}

Como esta fração contínua é infinita e todo número racional tem uma fração contínua finita, e é irracional. Existe uma prova breve da igualdade anterior conhecida.[4][5] Já que a fração contínua simples de e não é periódica, isso também prova que e não é uma raiz de um polinômio quadrático com coeficientes racionais; em particular, e2 é irracional.

Prova de Fourier

A prova mais conhecida é a prova por contradição de Joseph Fourier,[6] que se baseia na igualdade e = n = 0 1 n ! . {\displaystyle e=\sum _{n=0}^{\infty }{\frac {1}{n!}}.}

Inicialmente, assume-se que e é um número racional, ou seja, que pode ser escrito na forma ab. A ideia é analisar a diferença ampliada (aqui denotada como x) entre a representação em série de e e sua b-ésima soma parcial estritamente menor, que aproxima o valor limite de e. Escolhendo o fator de escala como o fatorial de b, a fração ab e a soma parcial b tornam-se números inteiros, portanto x deve ser um número inteiro positivo. No entanto, a rápida convergência da representação em série implica que x ainda é estritamente menor que 1. A partir dessa contradição, deduzimos que e é irracional.

Agora para os detalhes, se e é um número racional, existem números naturais a e b tal que e = ab. Definimos o número x = b ! ( e n = 0 b 1 n ! ) . {\displaystyle x=b!\left(e-\sum _{n=0}^{b}{\frac {1}{n!}}\right).}

Usando suposição de que e = ab, obtemos x = b ! ( a b n = 0 b 1 n ! ) = a ( b 1 ) ! n = 0 b b ! n ! . {\displaystyle x=b!\left({\frac {a}{b}}-\sum _{n=0}^{b}{\frac {1}{n!}}\right)=a(b-1)!-\sum _{n=0}^{b}{\frac {b!}{n!}}.}

O primeiro termo é um número inteiro, e cada fração na soma é, na verdade, um número inteiro porque nb para cada termo. Portanto, sob a suposição de que e é racional, x é um número inteiro.

Agora, provamos que 0 < x < 1. Primeiro, para provar que x é estritamente positivo, inserimos a representação em série de e na definição de x e obtemos x = b ! ( n = 0 1 n ! n = 0 b 1 n ! ) = n = b + 1 b ! n ! > 0 , {\displaystyle x=b!\left(\sum _{n=0}^{\infty }{\frac {1}{n!}}-\sum _{n=0}^{b}{\frac {1}{n!}}\right)=\sum _{n=b+1}^{\infty }{\frac {b!}{n!}}>0,} pois todos os termos são estritamente positivos.

Agora podemos provar que x < 1. Para todos os termos com nb + 1 temos a estimativa superior b ! n ! = 1 ( b + 1 ) ( b + 2 ) ( b + ( n b ) ) 1 ( b + 1 ) n b . {\displaystyle {\frac {b!}{n!}}={\frac {1}{(b+1)(b+2)\cdots {\big (}b+(n-b){\big )}}}\leq {\frac {1}{(b+1)^{n-b}}}.}

Essa desigualdade é estrita para todo nb + 2. Ao alterar o índice de soma para k = nb e usar a fórmula para a série geométrica infinita, obtemos

x = n = b + 1 b ! n ! < n = b + 1 1 ( b + 1 ) n b = k = 1 1 ( b + 1 ) k = 1 b + 1 ( 1 1 1 b + 1 ) = 1 b 1. {\displaystyle x=\sum _{n=b+1}^{\infty }{\frac {b!}{n!}}<\sum _{n=b+1}^{\infty }{\frac {1}{(b+1)^{n-b}}}=\sum _{k=1}^{\infty }{\frac {1}{(b+1)^{k}}}={\frac {1}{b+1}}\left({\frac {1}{1-{\frac {1}{b+1}}}}\right)={\frac {1}{b}}\leq 1.}

E, portanto, x < 1.

Como não há nenhum número inteiro estritamente entre 0 e 1, chegamos a uma contradição. Portanto, e é irracional, C.Q.D.

Ver também

Referências

  1. Euler, Leonhard (1744). «De fractionibus continuis dissertatio» [A dissertation on continued fractions] (PDF). Commentarii Academiae Scientiarum Petropolitanae. 9: 98–137 
  2. Euler, Leonhard (1985). «An essay on continued fractions». Mathematical Systems Theory. 18: 295–398. doi:10.1007/bf01699475. hdl:1811/32133Acessível livremente 
  3. Sandifer, C. Edward (2007). «Chapter 32: Who proved e is irrational?». How Euler did it (PDF). [S.l.]: Mathematical Association of America. pp. 185–190. ISBN 978-0-88385-563-8. LCCN 2007927658 
  4. A Short Proof of the Simple Continued Fraction Expansion of e
  5. Cohn, Henry (2006). «A short proof of the simple continued fraction expansion of e». American Mathematical Monthly. 113 (1): 57–62. Bibcode:2006math......1660C. JSTOR 27641837. arXiv:math/0601660Acessível livremente. doi:10.2307/27641837 
  6. de Stainville, Janot (1815). Mélanges d'Analyse Algébrique et de Géométrie [A mixture of Algebraic Analysis and Geometry]. [S.l.]: Veuve Courcier. pp. 340–341 
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