Miguel Dantas

Miguel Dantas.

Miguel José Martins Dantas (grafia original: de Antas) (Lisboa, 30 de Maio de 1823 — Roma, 2 de Fevereiro de 1910)[1] foi um diplomata de carreira e político que, entre outras funções de relevo, foi Ministro dos Negócios Estrangeiros (1881) e par do reino, tendo exercido cargos diplomáticos em representações portuguesas durante quase sete décadas.[2] Foi sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa e membro da Maçonaria.[3]

Biografia

Miguel José de Antas nasceu em Lisboa, filho de Miguel José Martins de Antas. Depois de frequentar o Colégio Militar entre 1834 e 1840, enveredou pela carreira diplomática, sendo nomeado em 1842 como adido de legação junto à corte de Turim, passando depois a Haia e Viena, cargo que exerceu até 1847.[3]

Em 1848 foi promovido a secretário de legação, sendo colocado em Madrid e pouco depois em Paris, onde exerceu funções até 1866, sendo por várias vezes nomeado encarregado de negócios naquela capital. Nesse ano foi nomeado chefe de gabinete do Ministério dos Estrangeiros do Governo da Fusão e logo em 1867 foi promovido a embaixador e nomeado ministro plenipotenciário em Washington, onde pouco se demorou por ser de imediato nomeado director-geral interino do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o que o obrigou a regressar a Lisboa. Regressou aos Estados Unidos no ano seguinte, chefiando a legação portuguesa até 1869, ano em que foi transferido para a legação de Portugal em Bruxelas, acumulando com a representação em Haia. Em 1871 foi nomeado embaixador de Portugal no Rio de Janeiro, mas não chegou a tomar posse do cargo, regressando no ano seguinte às legações de Bruxelas e Haia. Em 1872 foi transferido para Madrid, legação onde permaneceu até 1874. Nesse ano foi nomeado representante de Portugal no Congresso de Bruxelas de 1874 sobre as leis da guerra,[4] tendo subscrito em nome do governo português a Declaração de Bruxelas daquele ano.

Depois de algum tempo em Lisboa, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em 1877 foi nomeado chefe da legação portuguesa em Londres, cargo que exerceu até 1881, ano em que a 25 de Março foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo regenerador chefiado por António Rodrigues Sampaio. Após a queda do Governo, ocorrida em Novembro daquele ano, regressou a Londres, servindo aí até 1890, ano em que foi transferido para a legação em Paris, que acumulava com Bruxelas, onde se manteve até 1892.

Colocado em Lisboa, em Julho de 1894 representou o rei D. Carlos nos funerais do Presidente da República Francesa Sadi Carnot, que fora assassinado por um anarquista, e na posse do novo presidente Jean Casimir-Perier.

Em 1895 voltou a ser nomeado para a legação em Londres, mas pouco depois, a 17 de Dezembro desse ano de 1895, foi nomeado embaixador extraordinário de Portugal junto do Papa Leão XIII, apresentando credenciais na Santa Sé a 14 de Março de 1896, cargo que manteve até falecer. Viveu os últimos anos de vida entrevado, por ter partido uma perna em 1907, mantendo-se sempre em Roma até falecer em 1910.[3]

Sendo militante do Partido Regenerador, embora pouco activo nas questões partidárias, foi nomeado par do reino por carta régia de 2 de Dezembro de 1878, prestando juramento na Câmara dos Pares a 10 de Janeiro de 1879.[3] As suas participações nos trabalhos parlamentares foram poucas, pois ficaram restritas aos comparativamente curtos períodos durante os quais permaneceu em Lisboa. Nas suas intervenções parlamentares centrou-se em matérias de política externa, nomeadamente em pareceres sobre tratados e outras matérias diplomáticas. Uma das questões que apresentou na Câmara dos Pares foi a Convenção de Berna relativa à filoxera, questão então de grande importância dado o valor económico da viticultura portuguesa.

Recebeu diversas condecorações nacionais e internacionais e foi ainda sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa.

Escreveu e publicou em Paris, em 1858, um Dicionário Portátil da Língua Portuguesa, e em 1866, na mesma cidade, a obra Les faux D. Sébastien : études sur l'histoire du Portugal, interessante obra que apenas viria a ser traduzida e publicada em português na década de 50 do séc. XX[5]. Na sua juventude, aos 18 anos de idade, publicou o conto A Conquista de Espanha pelos Árabes, na revista Mosaico, a única obra de ficção que lhe é conhecida. Foi autor de numerosos textos sobre questões diplomáticas publicados na série de Livros Brancos.

Notas

  1. O nome também aparece grafado como Miguel Martins d'Antas ou Miguel José de Antas, sendo referida a sua data de nascimento como 1821. Cf.: Maria Filomena Mónica (coordenadora), Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-910), vol. II, p. 24. Lisboa: Assembleia da República, 2005.
  2. "Miguel Martins Dantas" em Portugal - Dicionário Histórico.
  3. a b c d Maria Filomena Mónica (coordenadora), Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-910), vol. II, pp. 24-25. Lisboa: Assembleia da República, 2005 (ISBN 972-671-145-2).
  4. Project of an International Declaration concerning the Laws and Customs of War. Brussels, 27 August 1874.
  5. d'Antas, Miguel, Os falsos D. Sebastião, introd. e notas Sales Loreiro, trad. e rev. Maria de Fátima Boavida, 1ª ed. [S.l.], Henris, 195_

Ligações externas

  • Autores: Miguel Martins Dantas
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Luís Mouzinho de Albuquerque Conde de Ficalho (interino) José António Ferreira Brak-Lamy Joaquim de Sousa Quevedo Pizarro Marquês de Palmela Agostinho José Freire (interino) Marquês de Palmela (continuação) Agostinho José Freire (interino) Marquês de Loulé Cândido José Xavier (interino) Agostinho José Freire (interino) Conde de Vila Real Duque de Palmela (2.ª vez) Conde de Vila Real (2.ª vez) Duque de Palmela (3.ª vez) Marquês de Loulé (2.ª vez) Conde de Vila Real (3.ª vez) Visconde de Sá da Bandeira (interino) Marquês de Valença (não empossado) Visconde de Sá da Bandeira (continuação) Manuel de Castro Pereira • Visconde de Sá da Bandeira (2.ª vez) Barão de Sabrosa (interino) Visconde da Carreira (não empossado) Conde do Bonfim (interino) Conde de Vila Real (4.ª vez) Rodrigo da Fonseca (interino) Visconde de Torre de Moncorvo (não empossado) Rodrigo da Fonseca (continuação; inicialmente interino) Duque de Palmela (4.ª vez) Junta Provisória de Governo Duque da Terceira (interino) José Joaquim Gomes de Castro Marquês de Saldanha (não empossado) Duque da Terceira (2.ª vez; interino) Conde do Lavradio Visconde da Carreira (não empossado) Marquês de Saldanha (interino) Manuel de Portugal e Castro (interino) Ildefonso Bayard Barão da Luz Duque de Saldanha (2.ª vez) José Joaquim Gomes de Castro, 1.º Conde de Castro (2.ª vez) Duque de Saldanha (interino) José Joaquim Gomes de Castro (2.ª vez; continuação) Conde do Tojal Barão da Luz (2.ª vez; interino) António Aloísio Jervis de Atouguia Visconde de Almeida Garrett Visconde de Atouguia (2.ª vez; inicialmente interino) Marquês de Loulé (3.ª vez) Duque da Terceira (3.ª vez) José Maria do Casal Ribeiro (inicialmente interino) António José de Ávila Marquês de Loulé (4.ª vez) Visconde de Sá da Bandeira (interino) Duque de Loulé (4.ª vez; continuação) Conde de Ávila (2.ª vez) Visconde de Castro (3.ª vez) José Maria do Casal Ribeiro (2.ª vez) João de Andrade Corvo (interino) José Maria do Casal Ribeiro (2.ª vez; continuação) João de Andrade Corvo (interino) José Maria do Casal Ribeiro (2.ª vez; continuação) Conde de Ávila (3.ª vez) Carlos Bento da Silva (interino) Marquês de Sá da Bandeira (interino) Carlos Bento da Silva (interino; continuação) Marquês de Sá da Bandeira (3.ª vez; interino) José da Silva Mendes Leal Duque de Loulé (interino) José da Silva Mendes Leal (continuação) Duque de Saldanha (3.ª vez; interino) Marquês de Ávila (4.ª vez; interino) Carlos Bento da Silva (2.ª vez; interino) Marquês de Ávila (5.ª vez; interino no final) João de Andrade Corvo António Serpa (interino) João de Andrade Corvo (continuação) António Serpa (interino) João de Andrade Corvo (continuação) Marquês de Ávila (6.ª vez; interino) João de Andrade Corvo (2.ª vez) Anselmo José Braamcamp António Rodrigues Sampaio (interino) Miguel Dantas (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (interino) António Serpa Ernesto Hintze Ribeiro (interino) António Serpa (continuação) Ernesto Hintze Ribeiro (interino) António Serpa (continuação) José Vicente Barbosa du Bocage Henrique de Barros Gomes (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (3.ª vez) José Vicente Barbosa du Bocage (2.ª vez) Conde de Valbom António Costa Lobo António Aires de Gouveia Francisco Ferreira do Amaral (interino) António Aires de Gouveia (continuação) Francisco Ferreira do Amaral (interino) António Aires de Gouveia (continuação) Francisco Ferreira do Amaral (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (4.ª vez) Frederico Arouca Ernesto Hintze Ribeiro (5.ª vez) Carlos Lobo de Ávila Ernesto Hintze Ribeiro (6.ª vez; interino) Luís Pinto de Soveral Henrique de Barros Gomes (interino) Matias de Carvalho e Vasconcelos Henrique de Barros Gomes (2.ª vez) Francisco da Veiga Beirão (inicialmente interino) João Arroio Fernando Matoso dos Santos (interino) Venceslau de Lima António Eduardo Vilaça Venceslau de Lima (2.ª vez) Luís de Magalhães Luciano Monteiro • Venceslau de Lima (3.ª vez) João de Alarcão Carlos du Bocage • António Eduardo Vilaça (2.ª vez) José de Azevedo Castelo Branco

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